tag:blogger.com,1999:blog-53544274455983963932024-03-14T09:43:22.245-07:00Caminhos escritosJosé Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.comBlogger32125tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-37815497615756439222023-08-20T07:41:00.000-07:002023-08-20T07:41:09.491-07:00A praga do capitalismo<p> Nos últimos dias têm vindo a público posições do setor agrícola apelando a um maior controlo de "pragas", nas quais se incluem espécies de aves endémicas e por isso protegidas por legislação regional e europeia. A Secretaria Regional da Agricultura reconheceu que tem quase pronto um Plano de Prevenção de Pragas, o qual inclui autorização para caçar aves protegidas, aparentemente com o aval da Comissão Europeia.</p><p>Os argumentos para esta decisão do Governo Regional são que "há um excesso dessas aves protegidas", o qual se traduz em prejuízos para os produtores agrícolas. O secretário regional quer que as populações de aves protegidas estejam "em equilíbrio com (...) a vivência económica de âmbito agrícola".</p><p>Neste texto argumento que as populações animais estão sempre em equilíbrio com as condições do meio, e que o debate sobre caçar aves protegidas não tem uma resposta científica, antes expõe um conflito de valores. Concluo que o Governo Regional está alinhado com uma visão capitalista da produção agrícola e pronto a sacrificar os valores da conservação da natureza no altar da maximização do lucro.<br /></p><p>Em primeiro lugar, não há nenhum desequilíbrio populacional, nem muito menos um excesso de aves. As aves como o melro ou o pombo-torcaz, assim como os ratos ou os coelhos, são vertebrados de pequeno porte, com vidas relativamente curtas e elevadas taxas de reprodução. As populações destas espécies reagem muito rapidamente às condições do ambiente, mantendo um equilíbrio entre os fatores que as reduzem (predação, doenças) e os fatores que as aumentam (alimento, espaço). Uma tendência de aumento, como a que é agora alegada, implica que durante o período em que o aumento se verificou as condições do ambiente se tenham elas próprias modificado de modo a permitir que morram menos animais, ou que sobrevivam mais (ou ambos). Tecnicamente, não faz sentido falar em "excesso" de uma população animal.</p><p>O que está a acontecer neste caso é a PERCEÇÃO, por algumas pessoas, de que há um excesso populacional, a partir do suposto efeito dessas populações sobre a produção agrícola. Ora aqui já é possível ser objetivo, e um estudo tecnicamente bem feito poderia ser um dos pontos centrais do debate. Realço "bem feito", porque solicitar fotografias de torcazes em campos agrícolas não nos diz nada sobre o efeito relativo dessa espécie no rendimento da exploração. E digo "relativo" porque é necessário contabilizar também as perdas resultantes de outros fatores, desde os climáticos até à predação por outras espécies, como lagartixas ou ratos. Ou seja, não negando que as aves se alimentem de produtos agrícolas, fico à espera de um estudo que demostre que as perdas económicas causadas são significativas.<br /></p><p>Finalmente, se a avaliação dos prejuízos causados por cada espécie de praga requer um estudo sério, a decisão do que fazer para reduzir os eventuais prejuízos é uma questão de VALORES. Objetivamente, a vida de qualquer animal tem o mesmo valor: ratos, lagartixas, caracóis, melros e baratas cumprem o seu papel ecológico. São os humanos que valorizam mais uma espécie ou outra. Assim, um agricultor dará seguramente mais valor à espécie que está a cultivar, e por isso aplica mondas manuais ou químicas para matar as "ervas daninhas". Muitos de nós, noutro exemplo, damos mais valor ao gato ou ao cão que temos em casa do que ao porco ou à galinha cuja carne saboreamos.</p><p>A ciência dá-nos ainda outra escala de valores. O consenso científico estabeleceu ser importante conservar a biodiversidade do planeta. Por isso, uma espécie que está disseminada por todo o planeta (como os ratos ou as baratas) corre menos riscos de desaparecer do que uma que apenas existe numa região limitada. É por isso que, para a conservação da natureza, as populações de animais endémicos (como o pombo-torcaz ou o melro negro) têm mais valor do que as populações de espécies invasoras (como os ratos e os coelhos).</p><p>A esfera dos valores estende-se também à forma como se lida com os animais. Os nossos antepassados guardavam os cereais em covas no chão ou em
espigueiros para os proteger dos ataques dos ratos. Hoje, a
disponibilidade e a aceitação dos venenos permite dispensar medidas
estruturais e preventivas como estas. Mas não se pratica o envenenamento de aves ou de coelhos os quais podem, no entanto, ser caçados.<br /></p><p>Finalmente, e ainda na esfera dos valores: as explorações agrícolas hoje são entendidas como atividades empresariais, geridas pela lógica capitalista da maximização da eficiência e do lucro. Quando um agricultor aplica veneno oferecido pelo governo, ele está a ser coerente com essa lógica empresarial: reduz os prejuízos causados pelos ratos e não gasta dinheiro. Ganha pelos dois lados.<br /></p><p>Naturalmente, os valores de umas pessoas colidem com os valores de outros. Por isso a política é suposto ser uma forma de encontrar um equilíbrio, esse sim, entre valores antagónicos. Nesse sentido, as posições públicas da SRAgricultura alinham claramente com os valores da agricultura intensiva e empresarial; a SRAmbiente, por seu lado, deveria defender os valores da conservação da natureza. Infelizmente, esse equilíbrio parece ter sido já decidido em favor de considerar aves endémicas como alvos legítimos de caça. </p><p>Não havendo aves em excesso, nem provas de que os prejuízos por elas causados sejam significativos, o que está atualmente em discussão são os valores associados à agricultura e à biodiversidade pelo Governo Regional. O governo concebe e promove uma agricultura valorizada pelas lógicas de maximização da eficiência e do lucro, e essa chocará sempre com os valores associados à conservação da biodiversidade. Com a conivência da neo-liberal Comissão Europeia, a decisão do Governo Regional de permitir a caça de aves endémicas é um exemplo claro da incompatibilidade entre o capitalismo e a preservação dos valores ecológicos.</p><p>José Manuel N. Azevedo<br />Biólogo<br />Membro do LIVRE-Açores<br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-80243984269981480552023-08-16T09:10:00.004-07:002023-09-17T10:18:50.818-07:00Ainda as pragas, mas agora em versão oficial<p>Afinal a Secretaria Regional da Agricultura vai publicar em breve um plano de combate "às pragas", nas quais se incluem espécies de aves protegidas que o Secretário da tutela afirma existirem em excesso. E precisa: "Queremos é que exista uma população em equilíbrio com aquilo que é a vivência económica de âmbito agrícola." Para isso pediram à Comissão Europeia autorização para o abate dessas aves.<br /></p><p>As pobres das aves já foram portanto julgadas e condenadas, faltando só serem executadas. E isto sem se conhecer com base em que estudo se determinaram fatores como (i) a densidade populacional de cada espécie, (ii) os danos causados pelas mesmas e, consequentemente (iii) o nível ideal da respetiva população.</p><p>É que estudos científicos publicados há poucos. O último é de Lucas Lamelas‑López e Marco Ferrante (2021), dois autores afiliados com o Grupo da Biodiversidade dos Açores. Usando câmaras colocadas em vinhedos nos Biscoitos, na Terceira, em 2016 e 2017, os autores detetaram que os principais consumidores das uvas eram, por esta ordem: as lagartixas (80% dos registos), as aves (25% dos registos, sobretudo pardais e melros, mas também tentilhões e canários) e os ratos (menos de 5%). Notando que os agricultores das áreas em que trabalharam abatem com frequência pombos da rocha e pombos torcazes com o pretexto de reduzir as perdas de uva, os autores declaram explicitamente que estas aves não causam dano e não deveriam ser atacadas: "<span class="fontstyle0"><i>Two of the five species culled by farmers, one of which is endemic, cause negligible damage and should not be targeted</i>". Parece daqui que combatendo as lagartixas e os pardais (ambas espécies introduzidas e portanto de pouco valor para a conservação da natureza) se conseguiriam resultados suficientemente bons para deixar sossegadas as aves protegidas.</span>
<br style="-webkit-text-size-adjust: auto; -webkit-text-stroke-width: 0px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; line-height: normal; orphans: 2; text-align: -webkit-auto; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;" /></p><p>Mas eu sou das pessoas que muitas vezes tenho criticado os que estão no poder por reclamarem mais estudos quando querem adiar uma decisão. Do amplo conjunto de factos que demonstra claramente o caminho a seguir, procura-se uma área menos clara e encomenda- se um novo estudo. Paga-se para empurrar a decisão para a frente. E entretanto fica tudo como está.<br /></p><p>Neste caso, parece-me óbvio que quando digo que são precisos estudos é porque não há elementos que permitam tomar uma decisão. Vejamos: onde estão os estudos que indicam que há "um excesso de aves protegidas"? Eu, que gosto muito de pássaros, nunca acho que sejam demais. Mas se o Governo acha que as populações de aves não estão em equilíbrio "com a vivência económica de âmbito agrícola", deve ter dados que o demonstram. Detalhados por espécie, naturalmente, porque um pardal não come o mesmo que um melro nem que um torcaz. E deve ter também uma análise das possíveis soluções, para ter chegado à conclusão que o abate era inevitável. Essa análise também deverá suportar a decisão de abater o quê, onde, quando e em que número. Era bom, finalmente, que o plano prevê-se uma forma de verificar quantas aves foram abatidas e qual o resultado para a "vivência económica de âmbito agrícola".</p><p> É que me custa a crer que estejamos a por em causa as conquistas de anos de defesa da natureza, e os rios de dinheiro gastos em promover os Açores como destino ecológico, para responder a pressões não substanciadas.<br /></p><p><br /></p><p>Referências:</p><p>Lamelas
López, L. & Ferrante, M. (2021). <a href="https://repositorio.uac.pt/handle/10400.3/6066" target="_blank">Using camera-trapping to assess grape consumption by vertebrate pests in a World Heritage vineyard region</a>. "Journal of Pest Science", 94(2), 585-590.
DOI:10.1007/s10340-020-01267-x</p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-33263995779970385782023-08-11T03:59:00.002-07:002023-08-11T03:59:27.171-07:00O efeito Dunning-Kruger em dois parágrafos<p>[<i>em edição, estava no baú desde 2020!!! Já nem sei de quem era a citação</i> :-( ] <br /></p><p> “<i>Eu sou muito adverso a todo o tipo de radicalização. O que espero da política é que contribua para fazer os povos mais felizes e isso passa pela segurança, conforto e prosperidade material e cultural. No plano político o melhor sistema parece ser a democracia representativa liberal. No plano económico o liberalismo capitalista. Com o progresso tecnológico acelerado que estes sistemas permitem, a utopia do fim da escassez de recursos talvez possa ser alcançada</i>”</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> <br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">O texto já começa mal: deixar subentendido que a radicalização na política impede os povos de serem felizes.</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">Ora, ser radical é ir à raiz dos problemas, de modo a poder resolvê-los desde a base, em vez de apenas pela rama (metáforas botânicas, notas-te?). Os problemas de hoje requerem uma abordagem radical. Quem o diz é o IPCC e o IPBES (em relação à catástrofe climática e ecológica) e quem tenha olhos na cara (em relação à catástrofe social).</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> A segunda premissa é que a democracia representativa liberal aliada ao liberalismo capitalista permitem um progresso tecnológico acelerado que permitirá ultrapassar a escassez de recursos.<br />São tantas barbaridades juntas que não sei por onde começar.</p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">A expansão tecnológica dos últimos 200 anos, alimentada pelo sistema capitalista de crescimento exponencial perpétuo, é que é a causa da escassez de recursos. Não é um bocado superficial afirmar que o mesmo sistema que consome recursos a uma escala apocalíptica se encarregará de ultrapassar essa escassez? <br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> A minha premissa é a de que (i) é o sistema capitalista o responsável pelas catástrofes que nos estão a precipitar para um abismo sem precedentes, e (ii) a democracia representativa é a forma encontrada pelo sistema para controlar a populaça.<br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">A democracia representativa resultou historicamente das revoluções que substituíram o poder da nobreza pelo dos capitalistas. A forma de impedir veleidades de democracia direta foi a de, pela força, instituir uma forma de governo "representativo". Basta ver que na sua primeira forma só votavam os homens, e só os ricos. Este sistema foi abrindo concessões, sendo alargado a todos os homens, depois às mulheres, aos pretos, etc. Mas o poder só alargou o horizonte de sufrágio à medida que conseguia esvaziar a política de qualquer poder real.<br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"> E chegámos aqui, quando os governos se sucedem mas as políticas são as mesmas, e os mais cândidos, como o Schaeuble, comentam que (evidentemente!) não se pode permitir que eleições alterem as políticas económicas.<br /><br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">"<i>Eu estou convencido exactamente do contrário pelo que tenho visto acontecer nos últimos séculos comparando a evolução histórica e económica dos diferentes países. Constato que só o capitalismo tem proporcionando o desenvolvimento tecnológico que permitirá que os recursos sejam cada vez menos escassos e cada vais mais abundantes e baratos. Antes da revolução industrial um agricultor alimentava 2 pessoas, pelo que pelo menos metade da população tinha que estar ligada ao sector primário. Agora um agricultor alimenta centenas de pessoas. E o mesmo se vai passando com cada vez mais áreas económicas. E é o mercado que estimula este progresso contínuo e cada vez mais acelerado. E quando a ciência estiver tão desenvolvida que os recursos sejam tão abundantes que deixem de ter valor económico, como a luz do sol ou o ar, deixará de haver economia e poderemos estar todos em casa a receber do estado sem ter que produzir nada (como já vai acontecendo, e bem, com os reformados, doentes, desempregados, puerperas, etc). Mas até esse dia chegar temos que estudar, trabalhar e poupar muito, para fazer a ciência e a economia avançar de forma realista e sustentada e no futuro virmos todos a ter uma existência digna e confortável. Infelizmente até lá as injustiças das desigualdades naturais vão continuar a evidenciar-se. Devemos tentar mitigá-las com ponderação e bom senso. Não podemos socorrer a todos e nivelar tudo por baixo sob pena de asfixiar o progresso. Nessa ordem de ideias toda a cultura, arte, desporto e actividade recriativa deveria ser radicalmente suprimida enquanto houver uma mínima carência noutras áreas vitais. A sociedade e humanidade não funcionam assim. O progresso faz se aos poucos, numa tentativa de equilíbrio entre a prosperidade económica e amparo aos realmente mais necessitados. </i>"<br /></p><p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">Este precisa mesmo de sair da sua bolha de macho branco bem da vida.
Falo por experiência própria, note-se. Eu era gajo para ter escrito
coisas parecidas há 10 anos. <br />
<br />
De facto, o progresso de
que ele beneficia (e todos nós, bem de vida) é conseguido à custa
da exploração e destruição social e ecológica. Começou no séc
XV com as “descobertas” e nunca mais parou. O desenvolvimento
renascentista da Europa foi construido em cima do genocídio de
milhões de nativos americanos e africanos e da pilhagem dos seus
recursos. É ler um bocadinho de história que seja objetiva e não
envolvida na ideologia nacionalista e racista que ainda hoje (!)
coloca nos livros escolares que os portugueses iam a África buscar
ouro, marfim e escravos. Depois da fase em que essa exploração foi
feita por companhias privadas (as “companhias das índias”,<i> look
it up</i>), e da fase em que a exploração foi feita diretamente pelos
estados (nas então chamadas colónias) foi só no século XX que
muitos desses territórios alcançaram a independência. No entanto
qualquer veleidade de escapar da exploração capitalista foi
combatida pelos mesmos métodos violentos e mantida depois por um
sistema financeiro especificamente desenhado para o efeito. As
metáforas do “terceiro mundo” e dos “países em
desenvolvimento” escondem o esmagamento militar de qualquer ambição
de autocontrolo e a imposição de mecanismos neo-coloniais. A
condescendência com ditadores como Mugabe ou Idi Amin, e o encolher
de ombros para a pobreza endémica no hemisfério sul (América
Latina, África, Ásia) é vergonhosamente racista porque omite o
papel dos países do norte em ainda hoje manter esses povos na
exploração mais abjeta.
</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">Três conceitos para
ele explorar: transfer pricing, tax havens e odious debt. Vá lá que
eu dou uma ajuda:<br />
<br />
Transfer
pricing<br />
<a href="https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1045235410000481" target="_blank">https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S1045235410000481</a></p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">Tax havens</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">Brown, E., Cloke,
J., & Christensen, J. (2011). The looting continues: Tax havens
and corruption. <i>Critical perspectives on international business</i>.</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><a href="https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/17422041111128249/full/html">https://www.emerald.com/insight/content/doi/10.1108/17422041111128249/full/html</a>
</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">
</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">Odious debt</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">Salomon, M. E., &
Howse, R. L. (2018). Odious Debt, Adverse Creditors, and the
Democratic Ideal.</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;"><a href="https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3291009">https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=3291009</a>
</p>
<p style="line-height: 100%; margin-bottom: 0cm;">ou, se for mais de
vídeos, pode ver aqui a confissão de um economic hit man, John
Perkins: <a href="https://www.youtube.com/watch?v=btF6nKHo2i0">https://www.youtube.com/watch?v=btF6nKHo2i0</a>
</p>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-40598152926395391752023-08-11T03:08:00.004-07:002023-08-16T07:56:05.287-07:00As pragas<p>[<i>em edição</i>] <br /></p><p>As pragas que preocupam os agricultores (1) não são os insetos. Para esses existe um arsenal de armas químicas que é utilizado à discrição, com efeitos negativos claros na biodiversidade regional. [<i>estudos?</i>] O principal ponto de reclamação dos agricultores, claramente o foco da reunião com o Secretário Regional, são... as aves. A saber: a rola turca (uma ave em expansão em toda a Europa e um colonizador recente dos Açores) e o pombo da rocha (que já é considerado uma espécie cinegética), mas também o pombo torcaz e o melro (ambas subespécies endémicas).<br /></p><p>A Associação Agrícola de São Miguel afirma que quer um controlo populacional daquelas aves, mas que a Diretiva Aves é um colete de forças que não deixa classificar essas espécies como cinegéticas. Para isso defendem a elaboração de um relatório "muito bem sustentado, muito técnico" mas com uma conclusão pré-estabelecida: mostrar às entidades que estão distantes dos Açores que há população a mais e que há consequências económicas dessa população a mais. O objetivo, assumido, é que essas aves deixem de ser protegidas pela Diretiva Aves e possam ser consideradas cinegéticas e portanto abatidas para "controle populacional".</p><p>As secretarias regionais da Agricultura e do Ambiente já pediram, pelos vistos, uma autorização à União Europeia, cujo conteúdo é pouco claro. Na reunião, no entanto, o Secretário Regional da Agricultura considerou que o combate a pragas na Região é "mais difícil" por haver espécies de aves protegidas.</p><p>O que me preocupa é ver como a pressão dos agricultores (que agricultores?) está a movimentar o poder político sem que, pelos vistos, exista uma quantificação clara do problema, das suas causas e das possíveis soluções. A história da relação dos humanos com a natureza está cheia de casos destes, em que alegados interesses económicos são usados como justificação para degradar a biodiversidade. Estamos num processo de extinção sem precedentes na história do nosso planeta. Deveras que não aprendemos nada como o passado? <br /></p><p>---------------------------</p><p>(1) Açoriano Oriental, 11 agosto 2023, versão impressa, p.5<br /></p><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW3FzqTyVmCCgOQlFuuq6lge-U7X6N-IL-C-J6Si1D4DAiqfBG3YlVhyoRKxD9KbyQZbzC7NpWo2KDp9J-AAaO2YzMKPPMUocryEGYwZg2qRVrjcHvw4tu3KrbSFMZzrRwLQ86A2_48M9abTyzrviN2IXjoyEAGtnyE8qEyKbsZl6CGtHfsseVEU7kllX8/s1801/Captura%20de%20ecr%C3%A3%202023-08-11%20093127.png" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="811" data-original-width="1801" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhW3FzqTyVmCCgOQlFuuq6lge-U7X6N-IL-C-J6Si1D4DAiqfBG3YlVhyoRKxD9KbyQZbzC7NpWo2KDp9J-AAaO2YzMKPPMUocryEGYwZg2qRVrjcHvw4tu3KrbSFMZzrRwLQ86A2_48M9abTyzrviN2IXjoyEAGtnyE8qEyKbsZl6CGtHfsseVEU7kllX8/s320/Captura%20de%20ecr%C3%A3%202023-08-11%20093127.png" width="320" /></a></div>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-12380561252696216062021-02-06T10:17:00.000-08:002021-02-06T10:17:17.140-08:00Pleno emprego- uma proposta<p> Uma revisão de </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;"><a href="https://i0.wp.com/pavlina-tcherneva.net/wp-content/uploads/2020/05/Job-Guarantee-Cover-Book-Mock-Up-1.png?w=1289" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="800" data-original-width="503" height="200" src="https://i0.wp.com/pavlina-tcherneva.net/wp-content/uploads/2020/05/Job-Guarantee-Cover-Book-Mock-Up-1.png?w=1289" width="126" /></a></div><p></p><p><a href="https://www.wiley.com/en-us/The+Case+for+a+Job+Guarantee-p-9781509542109" target="_blank">The case for a job guarantee</a><br /><a href="http://pavlina-tcherneva.net/" target="_blank">Pavlina R. Tcherneva</a><br /><br />Antes de começar: este livro foi escrito para os EUA, mas pode aplicar-se a todos os países com emissão de moeda própria. Poderia portanto aplicar-se à zona euro no seu conjunto. Penso que se poderia aplicar a Portugal numa situação em que se decidisse ignorar as regras do défice, ou se decidisse usar uma moeda complementar. Por esta última via, poderia até aplicar-se a uma região, ou até a uma autarquia.<br /><br />O desemprego é estrutural ao capitalismo, por duas razões. A primeira é que o capitalismo mercantiliza os comuns, os bens públicos (incluindo o poder interventivo do Estado), minando a capacidade das pessoas de organizarem a sua vida à margem desse sistema económico. Por falta de alternativa, as pessoas são obrigadas a procurar “trabalho”. A segunda razão é que interessa ao capitalismo ter uma massa de pessoas desempregadas, competindo umas com as outras por um lugar no sistema. Esta situação é reconhecida no discurso oficial, que aceita uma taxa “natural” de desemprego. Não se discute o facto de que, seguindo a sua lógica de maximização do lucro, o capitalismo procurará sempre baixar os custos com os trabalhadores, seja reduzindo os salários seja reduzindo o número de empregos criados. Quanto mais pessoas estiverem desempregadas, menores serão os salários e mais precárias as condições de trabalho.<br /><br />Ora o desemprego não é uma estatística. No mínimo cria uma situação de stress para as pessoas que ficam desempregadas, mas em muitos casos é dilacerante, privando as pessoas do essencial para uma vida digna para si e para as suas famílias, com fome e muitas vezes sem um teto. Uma garantia de emprego digno devia ser um papel fundamental do Estado, e assim o estabelece de facto a Constituição da República Portuguesa, no artigo 58ª: <br />“<i>1. Todos têm direito ao trabalho. <br />2. Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:<br />a) A execução de políticas de pleno emprego;</i>”<br /><br />É interessante que o programa do atual governo não faz uma única referência a “pleno emprego”, embora apresente 31 referências ao “mercado de trabalho”, a competição entre trabalhadores pelos empregos disponíveis que descrevi acima. Mais grave ainda, o site da Presidência da República Portuguesa (onde estão registadas todas as intervenções do Presidente) não tem uma única referência a “pleno emprego”, embora tenha 4 referências ao dito “mercado de trabalho”. A narrativa oficial é portanto a de que o emprego emerge de alguma forma do sistema económico, e que o papel do Estado é o de manipular o sistema para que o “mercado de trabalho” funcione “da melhor forma possível” (1). O que não for possível, paciência...<br /><br />A proposta de Pavlina Tcherneva é muito simples:<br /></p><ol style="text-align: left;"><li>O Estado assegura um emprego a todos os cidadãos que precisem de um, e enquanto e sempre que precisem dele. O cidadão dirige-se ao Centro de Emprego mais próximo e sai de lá com um contrato de trabalho, começando a trabalhar no dia seguinte.<br /></li><li>Esse emprego tem um salário digno, um horário justo e todos os benefícios (segurança social, férias, subsídio de férias e de Natal). É, de facto, desenhado para constituir o padrão mínimo para todos os empregos na economia.</li></ol><p>A organização do sistema é a seguinte:<br /></p><ol style="text-align: left;"><li>O Governo solicita ofertas de emprego de autarquias, cooperativas e outras entidades sem fins lucrativos</li><ol><li>Os empregos estão dirigidos para a transição ecológica ou os cuidados sociais e comunitários. Não se trata de cavar buracos para os tapar a seguir- o programa de pleno emprego dirige-se a tarefas essenciais para a sociedade mas a que o sistema capitalista não dá resposta.</li></ol><li>O dinheiro para o programa é inscrito no Orçamento do Estado- as pessoas não são empregadas do Estado mas são pagas por ele. À pergunta “de onde vem o dinheiro?” responde-se da seguinte maneira:</li><ol><li>O dinheiro é um bem público (parte dos comuns) e uma prerrogativa do Estado. A Teoria Monetária Moderna (2) deixa claro que a um Estado soberano (ver ressalva no início deste texto) nunca pode faltar dinheiro. O cidadão vulgar tem a perceção de que isto é assim, mas apenas quando se trata de salvar bancos insolventes ou pagar mais-valias de parcerias público-privadas.</li><li>Este programa substituiria o que o Estado já gasta com os apoios às empresas e aos desempregados, assim como em assistência social. O programa atuaria ainda como estabilizador dos ciclos económicos, beneficiando toda a sociedade.</li></ol><li>Os empregos são disponibilizados através dos Centros de Emprego já existentes, que assim passam a fazer jus ao seu nome.</li></ol><p><br /></p><p>(1) <span id="docs-internal-guid-43c7a4d8-7fff-548b-708e-a00cf15272ec" style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;">Ver o </span><a href="https://www.dgert.gov.pt/enquadramento-da-politica-de-emprego" style="text-decoration: none;"><span style="-webkit-text-decoration-skip: none; background-color: transparent; color: #1155cc; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration-skip-ink: none; text-decoration: underline; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;">enquadramento da política de emprego no site da DGERT</span></a><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;">, e notar como o pleno emprego estar no preâmbulo do </span><a href="https://dre.pt/application/file/a/66325286" style="text-decoration: none;"><span style="-webkit-text-decoration-skip: none; background-color: transparent; color: #1155cc; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration-skip-ink: none; text-decoration: underline; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;">Decreto-Lei n.º 13/2015</span></a><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;"> mas não nos seus objectivos.</span></p><p><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;">(2) Ver, por exemplo, </span><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;"><a href="https://outraspalavras.net/pos-capitalismo/a-teoria-monetaria-moderna-contra-a-ditadura-financeira/" id="docs-internal-guid-8234d42c-7fff-04e7-363c-c7d2f25d825f" style="text-decoration: none;"><span style="-webkit-text-decoration-skip: none; background-color: transparent; color: #1155cc; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration-skip-ink: none; text-decoration: underline; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;">https://outraspalavras.net/pos-capitalismo/a-teoria-monetaria-moderna-contra-a-ditadura-financeira/</span></a><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;"> </span> </span></p><p><span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 10pt; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap; white-space: pre;"> </span></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-56621989676458695092021-01-09T11:05:00.001-08:002021-01-09T11:05:13.451-08:00A esquerda capitalista e a direita capitalista- descubra as diferenças<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmGeZqW1skTstztWczGbqnvhSiZQ92fNcjbYsUYbGqseME1w_l4K6MTZ6JvE1GzVmpm9UrUCeFciYo23Od3oThMRdZiQdj96t8QKqK6xU9LcBW9v-J1IZBZQZXLJlBPWt5MPg3clC55YCS/s2952/ilha+maior+31122020_1.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="2064" data-original-width="2952" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhmGeZqW1skTstztWczGbqnvhSiZQ92fNcjbYsUYbGqseME1w_l4K6MTZ6JvE1GzVmpm9UrUCeFciYo23Od3oThMRdZiQdj96t8QKqK6xU9LcBW9v-J1IZBZQZXLJlBPWt5MPg3clC55YCS/s320/ilha+maior+31122020_1.jpg" width="320" /> </a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">O jornal Ilha Maior pediu a cada um dos deputados eleitos pelo Pico uma avaliação do programa do governo que nos calhou nos Açores.A crítica de Miguel Costa (PS) revela inadvertidamente o verdadeiro problema político do nosso tempo. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">No programa apresentado pelo PSD, CDS e PPM, com o apoio do IL e do C****a, "não foi apresentada, como prometida, uma verdadeira alternativa de governação", diz Miguel Costa daquele que é, segundo ele, "um documento que não trouxe nada de novo".</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">A democracia-que-temos resulta nisto: os partidos do dito arco da governação sucedem-se mas as políticas são as mesmas. Não podia ser de outra maneira: é requerido um espetáculo político, guerras de alecrim e manjerona, dramatizações ocas, para tentar enganar o povo, mantendo a ilusão de que a mudança de partido no governo corresponde a uma mudança de políticas. Como Miguel Costa reconhece, o que temos é, pelo contrário, a mesma política, só trocando o fato cor-de-rosa por outro cor-de-laranja. </div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Por trás deste circo, as mesmas forças do capitalismo global mantêm o seu domínio sobre as narrativas: austeridade para equilibrar as contas públicas, apoios do Estado às empresas, recurso ao sistema financeiro privado para investimento e criação de emprego. Na paz podre da União Europeia, tem bastado isso. Nos países mais desfavorecidos, de África à América do Sul (mas também na própria Europa) o capitalismo mostra o dentes, assassinando ativistas e reprimindo violentamente os protestos quando controla o governo, forçando golpes de estado em caso contrário.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">Mas as pessoas há muitos anos que perceberam que essas políticas, seja qual for a cor de que estejam revestidas, não respondem às suas necessidades. A primeira reação foi a abstenção: desligarem-se do jogo político, percebido como inútil, ao mesmo tempo que se procuram desenrascar como podem. Neste momento a proporção de pessoas que não se conseguem desenrascar está a atingir um nível tão elevado, a degradação social e económica é de tal ordem que vemos a ascensão de movimentos que têm como alvo aquilo que pensam ser a causa dos seus problemas: a corrupção do sistema político.</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">A descida para o fascismo (como se vê nos enormes apoios financeiros ao C***a e à IL) é a forma que o capitalismo global encontra para manter o controlo da populaça. O que me custa ver este espetro negro a descer sobre esta terra que aprendi a amar...<br /></div><br /><p></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-6135359906849757542020-12-23T16:17:00.001-08:002020-12-23T16:18:39.697-08:00Rutura ou transformação<p> </p><br /><br />O capitalismo está a destruir o nosso suporte de vida planetário, derretendo o gelo das calotas polares, aniquilando os grandes ecossistemas ainda existentes no planeta (Amazónia?), apodrecendo os oceanos (sim, temos eutrofização à escala oceânica!). O capitalismo está a causar um sofrimento indizível a milhares de milhões de seres humanos, mortos em guerras ou a fugir delas ou das carências alimentares e sanitárias que elas provocam, privados dos meios mais básicos de subsistência (dos sem abrigo no coração da abastada Europa às centenas de milhar de agricultores em protesto na Índia). E no entanto os capitalistas controlam completamente as esferas do poder, mantendo a populaça sob controle através da violência direta, policial ou militar, ou da violência indirecta, usando uma arquitetura legal que assegura que nada pode mudar e um controle da informação que amputa de alternativas a imaginação.<br /><br />O que resta a quem consegue escapar da Matrix (ou sair da caverna)? Se quiser retirar o poder das garras das elites, onde deve aplicar os seus esforços?<br /><br />Dando de barato que quem tomou o comprimido vermelho já sabe que o sistema não pode ser reformado, parece apenas restar a opção da revolta, da revolução. Mas essa opção não tem um registo histórico muito apelativo: se a Revolução Francesa ou o 25 de Abril ensinaram alguma coisa foi que é mais fácil começar uma revolução do que assegurar que ela cumpre o seu objetivo. E a razão é simples: as revoluções fazem-se a olhar para trás, para o que não se quer, e aí é fácil ter consensos. Mas no dia seguinte é preciso concordar para onde se quer ir, e a divisão sobre os futuros possíveis abre o flanco aos contra-revolucionários, que sabem muito bem o que querem.<br /><br />Mas existe outro caminho para a transformação da sociedade: trabalhar com os setores que, em qualquer sociedade, estão já à margem do capitalismo ou mesmo em oposição a ele. Das cooperativas de produção às comunidades indígenas ou de novos rurais, em todos os contextos em que a cooperação e a solidariedade se sobreponham à competição e ao individualismo está o embrião da sociedade do futuro. Tudo o que Neo tem a fazer é trabalhar num desses contextos, reforçando-o, ou dedicar-se a ligar pessoas e entidades de áreas diferentes, criando sinergias, ou ainda abrir espaço no capitalismo para que estas bolsas de humanidade se possam expandir. Este é um caminho lento e sem sucesso garantido mas que pelo menos permite a construção gradual de uma visão partilhada do futuro, ao mesmo tempo que se constroem as estruturas de poder em que ele se apoiará. Em “<a href="https://www.blogger.com/#">Envisioning Real Utopias</a>” Erik Olin Wright elabora uma Teoria da Transformação, concluindo que esta “Transformação Intersticial” é uma parte do processo de aprendizagem coletiva que tem que acontecer no caminho para um socialismo entendido como o poder democrático sobre a distribuição e o uso dos recursos produtivos.José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-58017861302406258802020-11-11T02:21:00.001-08:002020-11-11T02:30:45.043-08:00O espetro político e os seus extremismos<p><i>No quadro parlamentar, apenas o PCP e BE podem ser considerados partidos de esquerda. IL e C são de extrema direita, por razões diferentes. No Parlamento não há partidos de extrema esquerda</i>. </p><p>Incluí o IL na extrema direita e fui criticado por isso. Desde então tenho estado a pensar sobre extremismos e os conceitos de direita e esquerda. </p><p>Na altura defini extremista como qualquer ideologia que atente contra os direitos humanos. Proponho esta definição em contraponto ao senso comum, que me parece ser a de que há um arco respeitável de partidos de esquerda e de direita, sendo extremistas (para um lado e para o outro) os partidos que ponham em causa as liberdades e garantias constitucionais. </p><p>Tenho muitas objecções a esta definição. </p><p>Hoje começo pelos conceitos de esquerda e direita, cuja origem histórica precisa de ser recuperada. É de esquerda quem defende a igualdade, a liberdade e a fraternidade, num contexto de democracia total (política E económica); é de direita quem defende ou consente o seu contrário, os privilégios, a opressão, a concentração do poder em oligarquias. </p><p>Na atualidade, é necessário clarificar também a posição relativamente ao sistema económico. Dadas as definições acima, é de esquerda quem defende o socialismo, é de direita quem prefere o capitalismo. Noutro texto já elaborei as definições destes conceitos. Aqui basta dizer que fazer equivaler o socialismo aos regimes da URSS ou da China é ignorância ou desonestidade intelectual. </p><p>Neste quadro, e atendendo à retórica e prática política dos partidos representados no Parlamento, apenas o PCP e o BE podem ser considerados de esquerda. O PS deixou o socialismo na gaveta há décadas, e nem ele nem o PSD podem sequer arrogar-se a definição de social-democratas. Estes partidos estão completamente comprometidos com as doutrinas capitalistas neoliberais, diferindo apenas (i) no grau de assistencialismo que defendem para aqueles que são abandonados pelo sistema e (ii) nos constrangimentos que estão disponíveis para impôr às atividades extractivas, poluentes, ou de alguma outra forma degradantes dos sistemas ecológicos ou do bem-estar animal. </p><p>É neste sentido que o IL é de extrema direita: no melhor espírito laissez-faire, advogam a remoção das poucas barreiras à exploração de pessoas e da natureza que o pudor do centrão ainda mantém. Escudando-se na mão invisível do mercado, e ignorando os resultados destrutivos da aplicação da doutrina neoliberal em países como o Chile, um governo do IL seria social e ecologicamente catastrófico, um atentado em toda a linha aos mais básicos direitos humanos. </p><p><br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-458461513371032852020-10-28T09:36:00.000-07:002020-10-28T09:36:35.291-07:00O "liberalismo" português é o capitalismo feroz do "laissez-faire"<p> O objetivo da ideologia "liberal" como representada pelo Iniciativa Liberal é a destruição dos comuns, de todos os recursos partilhado e de tudo o que resulta do esforço coletivo.</p><p>O liberalismo do IL é uma doutrina de extrema direita. É extremista porque se coloca acima dos direitos humanos, e de direita porque se coloca ao lado dos opressores.</p><p>A liberdade dos liberais portugueses é para as elites, que ficam livres para impedir o resto da sociedade de se organizar e de se defender.</p><p>Uma sociedade organizada segundo as propostas do IL desintegra-se.<br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-21419219394959455952020-10-26T09:33:00.001-07:002020-10-26T09:33:13.852-07:00Os bancos<p> O que nós pensamos que é o papel dos bancos (emprestar às empresas o dinheiro que as pessoas depositam e que foi criado pelo Estado)</p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2Wo61XBVcQc9UBr-2KPkxbEOIx9GzaUHjiCp5Xtw9VRzjJZCUTHAW3hy7PcE2cDy1xHFcqBKNsREiZ4jhlQcWsEQJMOgnkMCACUX6AK1-kGymZZM4YeLq4OACvO9klBGhj8sgwBkr_3qD/s2448/bancos+circular.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1109" data-original-width="2448" height="173" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2Wo61XBVcQc9UBr-2KPkxbEOIx9GzaUHjiCp5Xtw9VRzjJZCUTHAW3hy7PcE2cDy1xHFcqBKNsREiZ4jhlQcWsEQJMOgnkMCACUX6AK1-kGymZZM4YeLq4OACvO9klBGhj8sgwBkr_3qD/w383-h173/bancos+circular.jpg" width="383" /></a></div><br /><p>Qual é de facto o papel dos bancos (criar dinheiro que é emprestado ao Estado, às empresas e às empresas.<br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkos2q0oAsLGQAoUSLIw1bZ7UEMU6v1JfQ-PjbMi80E4wHO7t09d70W6ghQ0DIxXOLNV7gMpl08Y6AotJDP_4h_xoxDNEc30W_4IfrMeI7MJxCnBUT0zGtWoTqtNqBSE1pCAb7b6CoNyLD/s2544/bancos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1329" data-original-width="2544" height="183" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjkos2q0oAsLGQAoUSLIw1bZ7UEMU6v1JfQ-PjbMi80E4wHO7t09d70W6ghQ0DIxXOLNV7gMpl08Y6AotJDP_4h_xoxDNEc30W_4IfrMeI7MJxCnBUT0zGtWoTqtNqBSE1pCAb7b6CoNyLD/w351-h183/bancos.jpg" width="351" /></a></div><br /><p><br /></p><p><br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-82787169416278537642020-10-26T09:25:00.006-07:002020-10-26T09:26:03.796-07:00O Estado, o dinheiro e as pessoas<p> Como nós pensamos que o Estado funciona (o Estado cria dinheiro para as pessoas usarem)<br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTj9-KKZcHRicSsqvdCfY8YZeldRUlT_2p3JuXwdaPwSJOIjk7Cg8dpCq06GYdjBRaKlTJt-t1Yj3xKKvRmCP9rLkiQMMQP0WbZK8SOu96FdGW8ZFfY2d_tCbdbCpYqW3DZRa6ZDg9Y7aL/s2432/estado+pessoas%25282%2529.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="595" data-original-width="2432" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTj9-KKZcHRicSsqvdCfY8YZeldRUlT_2p3JuXwdaPwSJOIjk7Cg8dpCq06GYdjBRaKlTJt-t1Yj3xKKvRmCP9rLkiQMMQP0WbZK8SOu96FdGW8ZFfY2d_tCbdbCpYqW3DZRa6ZDg9Y7aL/w424-h103/estado+pessoas%25282%2529.jpg" width="424" /></a></div><p>Como o Estado de facto funciona (bancos criam dinheiro para o emprestar ao Estado, que o usa para apoiar as empresas, esperando que estas o transfiram para as pessoas sob a forma de ordenados)<br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_oPwawjArGTgWHtnqFBHkWUFHFC3PQyvCPwR5I4FCMA6pmpKfkBb05Go6DpDRdj47CozwjXTcjkbGM60nC7S1pwwrqSvXHlcmD3s5iwVVNVd3W2xKRiy1sf8Bo64Z9Da_p5qJ9nj-GLz7/s2432/bancos+estado+empresas+pessoas.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1168" data-original-width="2432" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_oPwawjArGTgWHtnqFBHkWUFHFC3PQyvCPwR5I4FCMA6pmpKfkBb05Go6DpDRdj47CozwjXTcjkbGM60nC7S1pwwrqSvXHlcmD3s5iwVVNVd3W2xKRiy1sf8Bo64Z9Da_p5qJ9nj-GLz7/w407-h196/bancos+estado+empresas+pessoas.jpg" width="407" /></a></div><br /><p><br /></p><p><br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-48253104845348460652020-10-22T15:34:00.001-07:002020-10-22T15:34:51.499-07:00Empresas públicas para quê?<p> O capitalismo é um sistema económico baseado em 3 princípios: egoísmo, competição e acumulação. O agente do capitalismo é a empresa, uma entidade jurídica criada para tornar legal um sistema tão obviamente bárbaro e anti-social. Mas o capitalismo tem que ser mais do que legal, tem que ser visto como moral. Surge daqui a narrativa de que as pessoas são naturalmente competitivas e egoístas e que isso é bom porque liberta forças criativas que contribuem para o bem da sociedade.</p><p>Esta narrativa consolidou-se no poder, com os governos não apenas a apoiar as empresas mas a ambicionar uma gestão empresarial do bem público. Chegamos assim à empresarialização de funções do Estado. Nas autarquias esta tendência materializou-se na figura das empresas municipais, com resultados tão desastrosos como inevitáveis. Dois exemplos de São Miguel ilustram exemplarmente os efeitos perniciosos de aplicar a gestão empresarial ao serviço público. </p><p>A MUSAMI é uma empresa intemunicipal, detida inteiramente pela Associação de Municípios de São Miguel, que gere o tratamento de resíduos sólidos na ilha. Na boa lógica empresarial a MUSAMI compra e vende resíduos, tendo que apresentar um balanço positivo no final do ano. Essa é uma grande (se não a principal) preocupação dos seus gestores. Não faz parte da sua missão intervir nas políticas públicas da gestão dos resíduos, nomeadamente nas recomendações internacionais para reduzir a utilização de recursos naturais e reutilizar os materiais já produzidos. Encarando os resíduos como um negócio, a lógica empresarial da MUSAMI leva-a a insistir há anos na construção de uma incineradora, ao mesmo tempo que vai expandindo a deposição em aterro, Em tudo isto o governo regional e as próprias autarquias desresponsabilizam-se, enganando o cidadão com a desculpa de que não há alternativas.</p><p>A segundo exemplo <a href="https://www.publico.pt/2020/10/22/politica/noticia/azores-parque-ps-pede-esclareca-psd-agiu-defesa-interesse-publico-1936327" target="_blank">estoirou agora na comunicação social</a>. A Câmara Municipal de Ponta Delgada entendeu ser necessário apoiar o desenvolvimento de empresas na área da tecnologia e da inovação. Demos de barato a endoutrinação capitalista de que o desenvolvimento do setor privado deve ser feito à custa do investimento público. Criou-se então a Azores Parque (AP) à qual é atribuido património imobiliário e para a qual são canalizadas verbas públicas. Quando o plano de negócio começa a falhar, a AP pede dinheiro emprestado, acumulando dívidas de 11 milhões de euros. </p><p>Sendo óbvia a insustentabilidade da empresa precipitam-se sobre ela 2 abutres do sistema financeiro: os bancos (que procuram assegurar que sejam os contribuintes a pagar o dinheiro que a sua incauta gestão desbaratou) e os "investidores" (com os olhos nos ativos da empresa, a começar pelos terrenos que ela detém).</p><p>Para a autarquia a decisão entre os dois foi fácil: em vez de internalizar milhões de euros de dívidas a pagar aos bancos, vendeu a empresa a "investidores" por 500€. Até se pode argumentar que o objetivo foi salvaguardar o interesse público. Mas nada é simples com tanto dinheiro em jogo. Os bancos estão a procurar reaver o seu dinheiro pela via judicial- mas à CMPD e não à empresa que é agora dona do AP; os "investidores" apressaram-se a desbaratar o património da empresa, sabendo que tinham pouco tempo. </p><p>E foi assim que com um investimento de 5.500€ (5.000€ de capital social da empresa criada de propósito para o efeito + 500€ de custo da AP) a Alexir realizou pelo menos 980.000€ vendendo terrenos a preços da chuva. Deste dinheiro 209.000€ foram "emprestados" a essa outra pérola da engenharia financeira que são as Sociedades Anónimas Desportivas. Outros 580.000€ foram pagos a uma empresa por "prestação de serviços"- essa empresa já se comprometeu a devolver o dinheiro num acordo extrajudicial. No meio disto tudo desapareceram 190.000€, dos quais 150.000€ levantados em numerário, ao balcão! Um lucro de mais de 4.000€, portanto.</p><p><span>Este é o resultado evidente de aplicar a lógica capitalista à gestão de bens públicos. Situações destas vão continuar a acontecer, enquando o paradigma do lucro e da competição não for substituído pela cooperação e solidariedede</span><br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-4099090508406062302020-10-18T07:05:00.004-07:002020-10-18T07:11:37.179-07:00Racismo, propriedade privada e conservação da natureza<p> Em conversa ontem com o Carlos Teixeira sobre a proposta do LIVRE de elaborar nos Açores uma Estratégia Regional para a Biodiversidade, falámos daquele que é o problema base da conservação nos Açores: encarar-se a preservação dos valores naturais como uma questão de fronteiras. A lógica é a de definir áreas protegidas, dentro das quais as ações humanas podem supostamente ser limitadas para conservar os habitats e as espécies nelas existentes. Fora das áreas protegidas pode fazer-se mais ou menos o que se quiser exceto nos casos de grandes obras em que é necessário um estudo de impacte ambiental.</p><p>Há grandes problemas com esta abordagem. Aqueles para os quais eu já estava alertado incluem questões com a própria delimitação das áreas protegidas e a ausências de planos de gestão. A primeira é a colisão clássica entre o interesse público de conservar a biodiversidade e o interesse privado de extrair rendimentos da terra. Por um lado há terrenos privados incluídos dentro das áreas protegidas (cujos donos se sentem prejudicados por serem limitados na sua ação) e por outro há habitats e espécies em terrenos privados fora das áreas protegidas e, como tal, suscetíveis às decisões dos donos do terreno. A segunda questão resulta do compromisso não assumido entre o poder e os privados: classificar uma área mas depois não definir o que se quer lá fazer nem alocar meios para levar a cabo as ações de conservação abre a porta à degradação dos valores que é suposto defender. Os Açores estão cheios de reservas de papel.</p><p>No entanto não tinha refletido sobre o ponto levantado no artigo citado em baixo: o papel do racismo na estruturação dos mecanismos de conservação, concretamente na definição de áreas protegidas. Na designação de vastas áreas como parques nacionais, inaugurada por Theodore Roosevelt nos EUA, ignora o facto de que em muitos casos essas áreas são as terras ancestrais de comunidades indígenas. O resultado tem sido que essas populações são ignoradas nas decisões de gestão desses espaços ou, o que é muito pior, são oprimidas em função de um suposto valor superior.</p><p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://images.theconversation.com/files/355630/original/file-20200831-19-1q6tmtm.png?ixlib=rb-1.1.0&q=45&auto=format&w=754&h=655&fit=crop&dpr=1" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="655" data-original-width="754" height="278" src="https://images.theconversation.com/files/355630/original/file-20200831-19-1q6tmtm.png?ixlib=rb-1.1.0&q=45&auto=format&w=754&h=655&fit=crop&dpr=1" width="320" /></a></div><p></p><p>Nos Açores obviamente não existiam indígenas, mas o meu interesse em estudar a evolução histórica da posse da terra no arquipélago ganhou agora uma nova vertente: de que forma o atual desenho das áreas protegidas interceta o modo como a terra foi originalmente concedida e como essa gestão evoluiu posteriormente.</p><p><br /></p><div class="legacy entry-title instapaper_title" itemprop="name" style="text-align: left;">Kashwan, 2020. <a href="https://theconversation.com/american-environmentalisms-racist-roots-have-shaped-global-thinking-about-conservation-143783 ">American environmentalism’s racist roots have shaped global thinking about conservation</a>. The Conversation.<br /></div><p> </p><p><br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-87880007852966141922020-10-18T06:39:00.002-07:002020-10-18T06:39:16.910-07:00Retoma<p> Durante a campanha eleitoral fiz um compromisso comigo mesmo de escrever um pequeno texto por dia sobre temas de interesse político. Tenho feito isso no facebook, embora não com a regularidade que desejaria.</p><p>Hoje lembrei-me que escrever num blogue seria menos exclusivista. Enquanto procuro uma plataforma não ligada aos interesses financeiros de Silicon Valey, retomo esta.<br /></p>José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-35522331314467559622017-06-20T06:15:00.003-07:002020-10-18T06:35:03.813-07:00Carros elétricos? Qb, sff.<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="border: 0px none; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: "Open Sans", sans-serif; outline: currentcolor none medium; padding: 0px;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4Ixp0YAaQRVP7Nz64WyMlWAhjyXCvp5vPUrzrkrUh2811zB4_gp8xUMLQCkPgsVyFcKRd8mO6EiYz3b6lh4ddmxLCEMTzeiAqDhyphenhyphens8xXW5f74V4XKCMLAobuAH_BdKQ9vaUCyLssdFSXb/s1600/carro-eletrico-charged.jpg" style="clear: left; float: left; font-family: "Times New Roman"; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="375" data-original-width="500" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4Ixp0YAaQRVP7Nz64WyMlWAhjyXCvp5vPUrzrkrUh2811zB4_gp8xUMLQCkPgsVyFcKRd8mO6EiYz3b6lh4ddmxLCEMTzeiAqDhyphenhyphens8xXW5f74V4XKCMLAobuAH_BdKQ9vaUCyLssdFSXb/s200/carro-eletrico-charged.jpg" width="200" /></a></div>
<div style="border: 0px none; box-sizing: border-box; color: #666666; font-family: "Open Sans", sans-serif; outline: currentcolor none medium; padding: 0px;">
Uma das características do capitalismo (e da sua encarnação mais predadora, o neo-liberalismo) é a capacidade de mudar para que fique tudo na mesma. É espantoso como as linhas de fratura de uma etapa do sistema são transformadas nas suas avenidas de mutação e consolidação.<br style="box-sizing: border-box;" />O problema dos automóveis particulares não é (só) o do consumo de combustíveis, por mais grave que ele seja (e é!). Para além de ser um dos principais fatores do aquecimento global, a dependência do automóvel (e do transporte rodoviário em geral) perpetua a exploração insustentável de recursos naturais não renováveis, expandindo constantemente a degradação do meio natural.<br style="box-sizing: border-box;" />O impacto social do automóvel também é devastador: o ordenamento do território e o urbanismo são desenhados à medida dos carros e não das pessoas. Não há espaços de convívio nem zonas verdes porque são necessárias vias rápidas e parques de estacionamento. Desaparece o comércio local porque as pessoas preferem hipermercados anónimos onde podem ir uma vez por semana encher a bagageira de produtos importados.<br style="box-sizing: border-box;" /><a href="http://www.correiodosacores.info/index.php/destaques-esquerda/27673-em-2020-pode-haver-2-mil-carros-electricos-na-regiao" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #f88379; cursor: pointer;" target="_blank">Diz esta notícia </a>que nos Açores, onde vivo, há 120.000 viaturas. Notam como isto é espantoso?! Vivem menos de 250.000 pessoas nesta região! Tendo em conta o impacto ambiental e social do automóvel, que sentido faz existir uma viatura para cada dois açorianos? Como é que o Governo Regional dos Açores pode apoiar um projeto que visa manter ou agravar a situação, apenas substituindo os motores dos veículos? Como podem não aproveitar a eminência de catástrofe ecológica em que vivemos para mudar o paradigma dos transportes no sentido de espaços urbanos pedestres e cicláveis e do reforço do transporte coletivo?<br style="box-sizing: border-box;" />Eu explico porque não podem: porque há muito dinheiro a ganhar com as novas minas de lítio em Portugal e com a <a href="https://www.publico.pt/2016/09/18/economia/noticia/governo-quer-acelerar-mineracao-no-fundo-do-mar-dos-acores-1744381" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #f88379; cursor: pointer;" target="_blank">mineração do mar profundo dos Açores</a>. Todo o metal e os minerais tem que vir de algum lado, não? Já há gente a salivar com a futura siderurgia da <a href="http://www.acorianooriental.pt/noticia/acores-vao-lancar-concurso-publico-internacional-para-porto-comercial-da-praia-da-vitoria" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #f88379; cursor: pointer;" target="_blank">Praia da Vitória, servida por um porto privado </a>onde descarregarão as barcaças gigantes da Nautilus. E <a href="http://www.eda.pt/Mediateca/Publicacoes/Paginas/Relatorios.aspx" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #f88379; cursor: pointer;" target="_blank">as rendas da EDA têm que continuar a crescer,</a> que os privados não estão lá pelos nossos lindos olhos. Para isso a produção tem que aumentar, mesmo que tal signifique <a href="http://www.acorianooriental.pt/artigo/a-trapalhada-da-incineradora-de-sao-miguel-uma-proposta-de-solucao" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #f88379; cursor: pointer;" target="_blank">incinerar anualmente dezenas de milhar de toneladas de lixo doméstico</a>, ou <a href="http://www.acorianooriental.pt/noticia/incineradora-so-avanca-em-sao-miguel-acores-se-construida-hidrica-reversivel" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #f88379; cursor: pointer;" target="_blank">comprometer os espaços naturais com hídricas reversíveis</a>.<br style="box-sizing: border-box;" />Como é que se vende isto? Como se vende tudo agora: com o rótulo "sustentável"! Esta mobilidade será "sustentável", será até "uma mais-valia no desempenho ambiental da região", vejam bem. E até, não se percebe muito bem como, estará ligada a um turismo "sustentável".<br style="box-sizing: border-box;" />A única sustentabilidade que se procura é a dos grandes negócios, o desempenho que interessa é o dos relatórios financeiros das corporações e dos dividendos aos gestores e investidores. E pintar-se-á isso da cor que for preciso. Hoje essa cor é o verde.</div>
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José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-86877176930570474592017-04-24T16:30:00.002-07:002017-04-24T16:30:20.487-07:00Tristeza<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
Hoje estou triste. Na véspera do 25 de abril dou por mim a refletir sobre o que fizémos com a democracia que nos deram. A decisão de adjudicação da incineradora de São Miguel fez-me chocar com a real politik, com a face dura do quero-posso-e-mando. Começei a luta contra este atentado ambiental muito cético, mas fui vendo o movimento crescer, fui vendo como pessoas de vários quadrantes convergiram para o terreiro, cada um trazendo a sua perspetiva. Entre todos fomos trabalhando e tecendo argumentos, trocando pontos de vista e aprendendo uns com os outros. Falámos com muitas pessoas em muitas áreas. Estudámos. Tornou-se claro, à medida que o tempo passava, como a nossa perspetiva estava alinhada com a vanguarda da sustentabilidade e da civilidade. Lemos de cidades e regiões apostadas no lixo zero, onde se recicla pouco porque se produzem poucos resíduos e os materiais e embalagens são re-aproveitadas. E nós, que vivemos num sítio tão bonito, pensámos que era isto que queríamos para a nossa terra. E acreditámos que, se explicássemos as coisas bem devagar, se construíssemos argumentos lógicos e documentados, seguramente pessoas responsáveis pelo ambiente, pela saúde pública, pelo turismo, até pela economia local compreenderiam que era do interesse público impedir a construção daquilo que é essencialmente uma unidade industrial de produção de resíduos tóxicos.<br />
Fomos ingénuos. Está tudo legal. A Comissão Europeia avançou com os milhões mas lavou as mãos da responsabilidade da sua aplicação. O governo estabeleceu metas para os "operadores" e adequou os planos ao que eles queriam fazer. As autarquias criaram uma empresa e delegaram nela a responsabilidade pela gestão dos resíduos. A lógica empresarial, por sua vez, tomou o freio nos dentes e vê milhões onde nós vemos responsabilidade social e ambiental. Deu nisto a democracia pela qual tantos lutaram: ter empresas a decidir o futuro de todos.<br />
Estou zangado comigo por ter acreditado que algo poderia mudar. Menosprezei as forças em jogo. A teia está a ser urdida há muitos anos, e não é um mais um ambientalista, ainda por cima serôdio, que vai fazer alguma diferença.<br />
Aprendi alguma coisa, ao menos? Sim: que não me arrependo de nada e que não desanimo! É bom perder as ilusões- a nossa visão do mundo fica muito mais clara.</div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-32926920369734459382017-01-18T16:06:00.004-08:002017-01-18T16:06:38.653-08:00Verde-cinza, ou a incineração do futuro<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
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<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh28VDmmYaBEQ7CebYOpjAWeadZyNrC7Fs38nM2U9OE_Xjp_7cohtmekjvA9iuRjCNE6RZp5alqjvWPo3a3biz5dtV0WVVO-srTs9rhYvRgZcQ17ag4CDxWX9ilVNd7vpLDdociLBcifCu1/s1600/incinerar+%25C3%25A9+fixe.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh28VDmmYaBEQ7CebYOpjAWeadZyNrC7Fs38nM2U9OE_Xjp_7cohtmekjvA9iuRjCNE6RZp5alqjvWPo3a3biz5dtV0WVVO-srTs9rhYvRgZcQ17ag4CDxWX9ilVNd7vpLDdociLBcifCu1/s400/incinerar+%25C3%25A9+fixe.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>Imagem: Ana Monteiro</i></div>
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Vai ser construída mais uma incineradora de lixo nos Açores, desta vez em São Miguel.<br />
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Para as pessoas com mais consciência ambiental, esta decisão é chocante, pois vai contra a imagem que se tem (e se quer propagar) dos Açores como região de natureza. Optar pela incineração nos Açores é contrariar todas as normas regionais, nacionais e europeias sobre a matéria, que privilegiam em primeiro lugar a redução da produção de resíduos e depois uma hierarquia para a respetiva gestão, que passa pela reutilização e pela reciclagem.<br />
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A pergunta obrigatória é: Porquê? E porquê agora, após décadas de contestação?<br />
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Uma primeira explicação é a ignorância. Ignorância sobre o impacte ambiental da economia neoliberal em que vivemos, baseada no consumo voraz dos recursos não renováveis do planeta. Ignorância da grande percentagem da população que não reutiliza, não recicla e não se importa. Mas ignorância também dos decisores autárquicos e governamentais, traduzida na inércia e falta de criatividade na resolução dos problemas ambientais.
Se a ignorância dos decisores é indesculpável (pois lhes pagamos para defenderem o interesse público), quero propor que a explicação para o seu comportamento é mais funda, e para a entender há uma data simbólica: 20 de agosto de 2012. Neste dia o presidente Cavaco Silva aprovou o regime jurídico da atividade empresarial local, proposto pelo primeiro-ministro Passos Coelho, autorizando os municípios a transferir para o setor empresarial (entre outras) competências de gestão de resíduos. As empresas assim criadas devem apresentar resultados anuais equilibrados, sendo financiadas por contratos programas e pela venda dos seus serviços às câmaras, ficando expressamente probidas (!) de receber subsídios ao investimento.<br />
<br />
A aprovação desta lei devia ter feito soar as campainhas de alarme. Como não se viu que tratar o lixo como uma mercadoria vai à partida criar conflitos insanáveis com o interesse público e os valores de sustentabilidade universais? Pois não se vê logo que considerar o lixo um recurso é um atropelo ao primeiro degrau da hierarquia de gestão de resíduos, chocando à partida com o seu primeiro pilar, a recomendação de reduzir a produção de resíduos?<br />
<br />
Muitos terão visto, para ser honesto, mas não me consta que tenha feito manchetes. De facto, esta lei (que também transforma a água em mercadoria) enquadra-se na lógica de privatizações que tem sido apresentada como a evolução natural da economia moderna. Acompanhado do mito da maior eficácia do setor privado e reforçado pela "inevitável" escassez de dinheiro do sector público, a mercadorização dos serviços públicos, apresentada como consensual pelos partidos dominantes, é aceite de forma acritica ou resignada pela população. "Não querem pagar mais impostos, pois não?", é o argumento.<br />
<br />
Ao aprovarem a construção de duas incineradoras nos Açores os autarcas eleitos pelo PSD e pelo PS estão a ser coerentes com a ideologia neoliberal que domina os partidos do poder.<br />
<br />
A gestão do lixo e o abastecimento de água à população são negócios. A dimensão das incineradoras é determinada pelo lucro do processo. O lixo é apresentado como um recurso, e a sua incineração como uma fonte de energia renovável. Não ver aqui um conflito com os valores de sustentabilidade ambiental é a confirmação de que a era da pós-verdade já chegou a este lado do Atlântico.
</div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-58723165118379483902016-06-12T09:09:00.000-07:002016-07-09T09:10:10.299-07:00Primárias no Pico- como e porquê?<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; line-height: 1.38; white-space: pre-wrap;">Os níveis de participação eleitoral nos Açores têm vindo a baixar consistentemente a cada eleição. O Pico não é a pior ilha, neste contexto, mas mesmo assim quase metade dos habitantes se absteve nas duas últimas eleições legislativas regionais. Este é um aumento substancial, tendo em conta que a percentagem de abstenção foi de pouco mais de um terço nas mesmas eleições em 2000.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; line-height: 1.38; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Há uma perceção generalizada e crescente de que as eleições não mudam nada, e o resultado é que as pessoas se desligam dos seus direitos de participação cívica. Se tentarmos compreender em vez de demonizar, podemos encontrar pistas para o afastamento cidadão na própria lógica partidária. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Habituámo-nos a ver sempre as mesmas caras no Parlamento Regional, legislatura após legislatura, e achamos normal que os nomes de candidatos e candidatas e respetiva posição nas listas sejam decididos por um grupo restrito de pessoas em função de critérios pouco articulados. A ênfase no voto útil e nas maiorias absolutas também não ajuda à criação de um clima de diálogo parlamentar. O resultado é a generalização do sentimento de que democracia é votar de 4 em 4 anos, e pouco mais.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O LIVRE pretende combater esta lógica. Dentro de um quadro ideológico perfeitamente definido, o LIVRE adota práticas democráticas altamente exigentes. Vejamos cada um destes pontos em mais pormenor.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O partido constrói a sua atuação em quatro pilares, tendo três objetivos fundamentais. Os quatro pilares são: o das liberdades e direitos cívicos; o da igualdade e da justiça social; o do aprofundamento da democracia em Portugal e da construção de uma democracia europeia; e o da ecologia, sustentabilidade e respeito pelo meio ambiente. São objetivos do partido, neste contexto, em primeiro lugar, libertar Portugal da dependência financeira e do subdesenvolvimento económico e social. Em segundo lugar, traçar um modelo de desenvolvimento para o país assente na valorização das pessoas, do conhecimento e do território. Em terceiro lugar, cumprir com estes objetivos através de um profundo processo de democratização e de maior inclusão cidadã na ação e representação política.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Estatutariamente, as listas candidatas às eleições legislativas são sempre constituídas através de primárias abertas. Quer isto dizer que quem se identifique com os princípios do partido se podem submeter à escolha de colégios eleitorais, que são eles próprios abertos à participação popular. Os programas eleitorais, por seu lado, são construídos por consenso, cruzando os princípios ideológicos do partido com as prioridades estabelecidas pelos membros da listas e sugeridas pela participação cidadã.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Estas são as primeiras eleições primárias abertas para a constituição das listas candidatas à Assembleia Legislativa Regional dos Açores. Candidato-me, colocando o círculo do Pico em segundo lugar, porque acredito que este é um instrumento poderoso para fomentar a cidadania política e para recentrar a política na defesa do interesse dos cidadãos e das cidadãs.</span></div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-67937074603599517052016-06-05T09:05:00.000-07:002016-07-09T09:13:03.517-07:00Porque sou candidato às primárias<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 14.6667px; line-height: 1.38; white-space: pre-wrap;">@s açorian@s estão afastados da política, como o evidencia qualquer indicador. A participação nas eleições legislativas regionais, por exemplo, tem vindo a decrescer ao longo do tempo. Nos anos 1990 a participação eleitoral rondou os 60%; decaiu para os 50% na década passada e entrou na casa dos 40% nesta década. Em 2012, em plena crise financeira e com o desemprego a atingir valores recorde, menos de metade d@s açorian@s votaram.</span></div>
<b style="font-weight: normal;"><br /></b>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">É fácil colar a estes números a etiqueta de falta de civismo, culpar as pessoas por não cumprirem os seus deveres, fazer campanhas de apelo ao voto. Esta visão transfere para o eleitorado uma culpa que deve ser procurada no sistema político. As pessoas não votam porque estão convencidas de que o seu voto não muda nada. E não se pode culpá-las por pensarem assim. </span></div>
<b style="font-weight: normal;"><br /></b>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">No plano global, mas também no europeu e nacional, forças poderosas manietam os governos, sabotando a democracia. Alguns exemplos: os interesses dos combustíveis fósseis impedem o desenvolvimento de energias renováveis e estão a precipitar o planeta para o caos climático; os acordos de livre comércio inundam as lojas de produtos baratos, impedindo o desenvolvimento de economias locais; o Pacto de Estabilidade e Crescimento impõe uma </span><span style="font-family: arial; font-size: 14.6667px; line-height: 1.38; white-space: pre-wrap;">austeridade sangrenta aos povos europeus periféricos, com o único objetivo de manter os privilégios da alta finança. Os próprios políticos nos dizem que não há alternativa, que é Bruxelas que não deixa, que os “mercados” não podem ser assustados.</span></div>
<b style="font-weight: normal;"><br /></b>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Não admira, portanto, que as pessoas se desinteressem da política: a realidade mostra que o voto é irrelevante. Nas palavras do ministro das finanças alemão: “As eleições não mudam nada.”</span></div>
<b style="font-weight: normal;"><br /></b>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Não temos que aceitar este estado de coisas! O Estado serve para defender os direitos de todos contra a hegemonia de poderosos de qualquer quadrante. E se o Estado está prisioneiro de interesses oligárquicos, é preciso re-ganhar o controlo democrático. Este é o combate do século, e decorre em várias frentes. Neste momento, em que se preparam as eleições legislativas regionais, a batalha é a de contribuir para que as açorianas e açorianos possam escolher os seus representantes políticos de forma transparente, sem a intermediação dos aparelhos partidários.</span></div>
<b style="font-weight: normal;"><br /></b>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O LIVRE é o único partido que oferece esta possibilidade. Todas as pessoas que defendem uma política progressista, igualitária e ecológica para a Região são convidadas a apresentar as suas propostas e a vê-las sufragadas de forma direta e transparente. E todas as pessoas que quiserem contribuir com o seu voto para conferir mais representatividade ao processo das primárias podem registar-se para votar nos cadernos eleitorais.</span></div>
<br />
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Este é um momento histórico para a democracia nos Açores, e eu quero fazer parte dele.</span></div>
</div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-14213503471496395642016-05-27T12:22:00.000-07:002016-06-13T12:38:16.228-07:00Sou contra!<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sou contra o aquário.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sou contra o casino.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sou contra a incineradora.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sou contra o aquário porque promoverá o sofrimento animal para espetáculo público e lucro privado.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sou contra o casino porque o edifício é uma nódoa na paisagem e o conceito uma nódoa na sociedade.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sou contra a incineradora porque esmagará as metas da reciclagem e as metas das energias renováveis.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas sou sobretudo contra o aquário, o casino e a incineradora porque eles representam a usurpação do interesse público pelos interesses privados, porque eles são o epítome de um modelo de “desenvolvimento” que coloca o lucro como referência moral, e porque eles nos tramam o presente e nos roubam o futuro.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O aquário, o casino e a incineradora são os sintomas de uma doença chamada neoliberalismo. Não se trata de empregos, não me falem do PIB regional. O aquário, o casino e a incineradora são o que resulta de nos guiarmos pelos números e não pelas pessoas, de tudo sacrificarmos no altar do crescimento económico, de onde já correm as lágrimas dos desempregados, dos excluídos, dos emigrados.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: "arial"; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Sou contra isto! E não estou sozinho. Quero a democracia aqui, já! </span></div>
<span id="docs-internal-guid-8ee8b779-2204-14c1-35c7-c257d25d60b2"><br /><span style="font-family: "arial"; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Disso, sou a favor.</span></span><br />
<span style="font-family: "arial"; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "arial"; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Publicado no <a href="http://www.acorianooriental.pt/artigo/sou-contra" target="_blank">Açoriano Oriental de 23 maio 2016</a></span></div>
</div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0Ponta Delgada, Portugal37.7428301 -25.68058680000001537.6926061 -25.761267800000013 37.7930541 -25.599905800000016tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-17026262433580385702016-04-12T12:32:00.001-07:002016-04-12T12:32:32.227-07:00Um mundo para as pessoas<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Muitos partilham da noção de que antes da Revolução Industrial as pessoas trabalhavam muito e tinham pouco conforto. Este estereótipo pode ser debatido mas é inquestionável que, graças à tecnologia moderna, existem tratores para aliviar o trabalho do campo, barcos a motor para tornar a pesca mais rentável, teares mecânicos para fazer tecidos, máquinas para costurar as roupas e para as lavar, carros, camiões, comboios e aviões para facilitar o transporte de pessoas e cargas. Não era suposto, portanto, estarmos a descansar?</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E de facto as máquinas tiram o trabalho às pessoas. No entanto, isso é visto como uma catástrofe, porque sem trabalho não podemos garantir a nossa subsistência.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Mas no entanto o valor continua a ser produzido. Uma fábrica compra uma nova máquina e consegue fazer o mesmo número de produtos com metade dos trabalhadores: a faturação mantém-se mas as despesas com pessoal diminuem. Há portanto mais lucro para os donos da fábrica, mas os trabalhadores despedidos deixam de ter meios para sustentar a sua família.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Este fenómeno repete-se por todo o lado: as caixas multibanco dispensam os bancários; o transporte em massa substitui as mercearias por hipermercados onde nem para receber o dinheiro são precisas pessoas.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O que fazer? Destruir as máquinas? Devemos lutar pelo privilégio duvidoso de ter pessoas a fazer aquilo que poderia ser feito pelas máquinas?</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">E porque não o contrário: usar as mais valias geradas pelas máquinas para proporcionar uma vida decente àqueles que elas dispensaram? Uma política que se preocupasse verdadeiramente com as pessoas encontraria forma de atribuir um rendimento básico a todos os cidadãos. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Como o nome indica, esta é uma contribuição atribuída pelo Estado a todos os cidadãos, sem qualquer condição prévia, num montante que permita um nível de subsistência digno. Uma forma de o fazer seria encarar a sério a redistribuição dos rendimentos por via dos impostos, ao mesmo tempo que, a prazo, se reduzem os gastos com muita assistência social. </span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">O Rendimento Básico Incondicional é uma ideia que está a ser implementada na Finlândia (onde uma experiência de dois anos para atribuir até 1,000€ por mês a 100,000 cidadãos começará em 2017) e a ser discutida muito seriamente em países como a Suíça (que fará um referendo em Junho para atribuir 2,200€ por mês a cada cidadão) e em cidades da Holanda a Espanha.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.7999999999999998; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></div>
<span id="docs-internal-guid-7c3ad649-0bf5-0e75-9aa9-831bf9cc8b59"><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Esta é uma ideia cujo tempo está a chegar.</span></span><br />
<span><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;"><br /></span></span>
<div style="text-align: right;">
<span><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Açoriano Oriental</span></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">12 abril 2016</span></span></div>
</div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-81724548865728879982015-12-31T09:10:00.000-08:002016-01-01T09:11:09.387-08:00O ano mau<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
2015 começou com um governo completamente ao serviço de uma ideologia neo-liberal e já em contra-relógio para cumprir os últimos passos do seu programa de desmantelamento do Estado e das instituições públicas.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Na Grécia um governo tentou sacudir o jugo da austeridade e acabou de joelhos, aceitando o agravamento das condições de vida do seu povo e a continuação da sangria dos recursos do país.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Em Paris os governos mundiais reuniram-se para tomar decisões sobre o futuro da humanidade. Na sua frente, relatórios científicos alertando para a catástrofe eminente se até 2050 a economia não estiver descarbonizada. No entanto, em vez de compromissos vinculativos para reduzir drasticamente a produção de CO2 verificou-se que a mesma vai continuar a crescer, embora (talvez) a um ritmo menor do que até agora.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
O ano termina com um governo "de esquerda" que tomou algumas medidas importantes na área das liberdades, mas que na primeira prova de fogo (o caso Banif) mostrou que a política neo-liberal continua.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Nada disto faz sentido: governos democráticos e preocupados com o bem-estar dos seus cidadãos não os atiram para a pobreza e não destroem a sua própria capacidade de garantir conquistas civilizacionais ganhas a muito custo pelas gerações anteriores. A não ser...</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
...a não ser que esses governos sejam apenas a fachada das forças superiores dos "mercados" financeiros. Assim tudo se percebe: as privatizações, o desemprego, a impunidade dos banqueiros, a destruição do planeta.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Percebe-se, mas não se pode aceitar. Os desafios colocados hoje aos cidadãos são muito maiores do que eleger governos de esquerda numa pais da periferia europeia.</div>
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José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-5029020325213584032015-11-22T15:19:00.001-08:002015-11-22T15:21:42.884-08:00Os 2ºC<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
<a href="http://www.albartlett.org/" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #32bccb; cursor: pointer;" target="_blank">Al Bartlett</a>, professor de Física da Universidade do Colorado, dizia que o principal problema da espécie humana era a sua incapacidade de compreender o <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Crescimento_exponencial#Historias_sobre_o_Crescimento_Exponencial" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #32bccb; cursor: pointer;" target="_blank">crescimento exponencial</a>. A esta constatação já tinha chegado, celebremente, Thomas Malthus, que procurou sem sucesso alertar os seus contemporâneos para o problema do crescimento populacional.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Há limitações cognitivas do <i>Homo sapiens</i> que são do conhecimento geral. Não é intuitivo, por exemplo, que um corpo accionado por uma força deva continuar perpetuamente em movimento retilíneo e uniforme. As bolas acabam por parar, seja qual for a força do chuto, e temos que "acelerar" permanentemente os carros para os manter em movimento. Não há aqui, porém, conflito entre os conhecimentos empírico e científico porque o primeiro funciona na vida do dia a dia, enquanto o segundo se aplica no planeamento das missões espaciais. </div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Mas os cismas entre a ciência e o senso comum têm consequências importantes quando interferem com processos de tomada de decisão politica. </div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Uma outra incapacidade humana é a de compreender a não-linearidade. Pois não é verdade que quanto maior for a força do pontapé mais longe chegará a bola? Seguramente que se chegámos até aqui com uma temperatura média global próxima do 1ºC acima dos níveis pré-industriais, o pior que pode acontecer se subirmos até aos 4 ou 6ºC no fim do século é termos que dispensar os pullovers. Teremos uma crise no mercado da roupa de inverno, seguramente, mas pensem na expansão do comércio de havaianas e bermudas. E, já agora, se a temperatura demorou 200 anos a subir 1ºC, como é possível que suba 5 graus em menos de 100?</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
E no entanto, em sistemas complexos as interações dos fatores não são lineares. Empurrar um sistema ao longo de uma das suas variáveis pode ter no início uma resposta linear: 1A implica 1B, 2A implica 2B, se voltarmos a 1A voltaremos a 1B. Porém existem frequentemente limites para lá dos quais se produz uma alteração brusca, imprevisível e... potencialmente irreversível.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
<img alt="" height="231" src="http://www.nature.com/scitable/content/ne0000/ne0000/ne0000/ne0000/78124438/1_2.jpg" style="border: 0px; box-sizing: border-box; display: block; height: 174px; margin: 0px auto; max-width: 100%; outline: none; padding: 10px; vertical-align: top; width: 377px;" width="500" /></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px; text-align: center;">
<span style="border: 0px; box-sizing: border-box; font-size: 8pt; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"><span class="bold" id="fullName" style="border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Em: Beisner, B. E.</span><span class="bold" id="publishDate" style="border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;"> (2012)</span> <a href="http://www.nature.com/scitable/knowledge/library/alternative-stable-states-78274277" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; box-sizing: border-box; color: #32bccb; cursor: pointer;" target="_blank">Alternative Stable States</a>. <span class="topicCitationItalics" id="publisher" style="border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">Nature Education Knowledge</span> <span class="bold" id="volume" style="border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">3(<span class="bold" id="issue" style="border: 0px; box-sizing: border-box; margin: 0px; outline: none; padding: 0px;">10</span>)</span>:33</span></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Os mais brilhantes geofísicos do planeta, usando os mais sofisticados modelos implementados nos mais poderosos super-computadores avisam que uma destas alterações pode acontecer se a temperatura do planeta subir mais de 2ºC. Essa é a parte fantástica- temos um aviso. Mas é impossível prever o que pode acontecer depois disso. Sabemos no entanto que, com o degelo da Antártida e a modificação da circulação oceânica profunda, desaparecerá o clima tal como o conhecemos e com ele, provavelmente, a civilização.</div>
</div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-36178639940110633522015-11-09T15:53:00.001-08:002015-11-09T15:53:24.858-08:00Notas de um político impreparado (2)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Aspirantes a políticos e partidos pequenos podem de repente encontrar-se em situações nas quais a sua posição é decisiva. Nessas alturas os holofotes da atenção mediática expõem de forma cruel as fragilidades de uma campanha feita com base em utopias, academicismos e outros amadorismos. De repente, é preciso descer à dura realidade do conflito com outras ideias mas ao mesmo tempo aproveitar a oportunidade de fazer a(lguma) diferença. Rápido, o que se decide?</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">Nestas situações são precisos algoritmos, heurísticas que permitam encontrar o equilíbrio entre o que é desejável e o que é possível. Aqui ficam 3 contributos:</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">1.Discutir objetivos e não meios. É mais fácil concordar em objetivos do que nos meios para os atingir. Ora traçar o rumo é que é importante, porque a partir daí qualquer avanço é ganho.</span></div>
<div dir="ltr" style="line-height: 1.38; margin-bottom: 0pt; margin-top: 0pt;">
<span style="background-color: transparent; color: black; font-family: Arial; font-size: 14.666666666666666px; font-style: normal; font-variant: normal; font-weight: 400; text-decoration: none; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">2. Maximizar o investimento. Não procurar chegar a tudo. Os esforços devem concentrar-se em procurar a medida chave com a qual seja fácil concordar mas que, depois de implementada, tenha um efeito em cascata para o lado que se pretende.</span></div>
<span id="docs-internal-guid-51b9493c-eeaa-8da3-b762-66fca65abbf1"><span style="font-family: Arial; font-size: 14.6667px; vertical-align: baseline; white-space: pre-wrap;">3. Saber esperar. Deixar claro aos eleitores que este não é o nosso caminho mas que não é incompatível com ele. Assegurar (e ter a convicção) de que os objetivos finais não se perdem, apenas se adiam. Aproveitar a onda para promover a visão alternativa, ao mesmo tempo que se demostra a responsabilidade do compromisso.</span></span></div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5354427445598396393.post-6649214145240905862015-10-30T15:57:00.000-07:002015-11-09T15:58:05.630-08:00Notas de um político impreparado (1)<div dir="ltr" style="text-align: left;" trbidi="on">
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
O mais fácil é saber para onde se quer ir. Ou, mais fácil ainda, que não se quer ir por ali.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Quer dizer, fácil, fácil não será. Sair do rebanho implica sempre um esforço intelectual de confirmação de pressupostos e de justificação das ruturas. Só precisamos de explicar "porquê?" (inclusivamente a nós próprios) quando optamos por um caminho diferente.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Mas pronto, saímos. E sabemos onde queremos chegar. O difícil então é descobrir o caminho, saber em cada passo pequenino como é que ele vai contribuir para atingir o destino almejado.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Exemplifico: digamos que queremos uma União Europeia democrática. Nem toda a gente percebe que Portugal, como outros países europeus, abdicou da sua soberania para a colocar num sistema sobre o qual não tem nenhum controlo. Há quem perceba e ache bem. Mas quem entende que não pode haver poder político sem controlo democrático, como faz? </div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Quem quer o fim da industrialização do sofrimento animal e se apercebe que isso implica repensar muito da cadeia alimentar atual, por onde começa?</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Quem quer que os seus filhos não tenham que sofrer os efeitos de um clima desregulado, pode fazer alguma coisa a partir do seu bairro?</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
A resposta curta é- ninguém sabe! Ou melhor, sabe-se que não há UMA resposta, a não ser que ela precisa de ser descoberta com outros. É preciso encontrar parceiros de caminho e com eles decidir cada passo. Uns verão mais longe, outros darão passos mais largos. Talvez a meta tenha até que ser ajustada. Mas mudar o mundo é uma tarefa coletiva.</div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
<br /></div>
<div style="border: 0px; box-sizing: border-box; color: #333333; font-family: ubuntulight, Arial, Helvetica, sans-serif; line-height: 25.6px; outline: none; padding: 0px;">
Diz-me, para onde queres ir?</div>
</div>
José Azevedohttp://www.blogger.com/profile/05683504546915963265noreply@blogger.com0